à memória dos mortos pela milícia
só existe uma sina
permanente
no bairro onde moro
e nasci: a chacina
de gente, de pobre
de preto, de pardo
de qualquer desavisado
na esquina
sempre a mesma cena
deprimente
no barro, na piçarra
no asfalto quente: obscena
de frente, pelas costas
súbita, alardeada
entre o toque de recolher
e a novena
só insiste, assassina
recorrente
porque há quem aplauda (e vote):
(n)o gatilho mudo e encapuzado
(n)o disparo na madrugada
enquanto dormem
o sono dos justos
na latrina
deprimente
no barro, na piçarra
no asfalto quente: obscena
de frente, pelas costas
súbita, alardeada
entre o toque de recolher
e a novena
só insiste, assassina
recorrente
porque há quem aplauda (e vote):
(n)o gatilho mudo e encapuzado
(n)o disparo na madrugada
enquanto dormem
o sono dos justos
na latrina
6 comentários:
A beleza e amargura da poesia cortando a carne! A arte servindo à denuncia, à manifestação da indignação. Parabéns caro amigo!
Socorro,
morando no Guamá, jamais minha poesia poderia não ser afetada por ele, e pelo que acontece nele... te agradeço por vir e comentar...!
beijos,
r
O Guamá
O Jurunas
A Terra firme
As baixadas de Belém
Lar onde nascemos crescemos
E onde vimos muitos se perderem no caminho
O poder e a polícia sempre foram inimigos claros mas o pior inimigo é a falta de oportunidade essa é mais impiedosa que os revólveres
Wag,
oportuna é a morte, a cada dia. havemos que tomá-la pelo seu mais valoroso sentido: o de transformação. uma ação que modifica o ambiente, e a nós mesmos, intimamente.
te agradeço por comentar, mano!
abraços,
r
Lembrei de onde cresci, belo poema.
Davi,
os lugares onde crescemos são sempre uma parte essencial da escrita.
abraços,
r
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