abandonei o relógio de pulso
agora uso, pra marcar o
tempo
cada momento da respiração
cada passo sem pressa
os impulsos do coração
nada mais que me impeça
de sorrir ao compasso lento
do pensamento livre da razão
nada de algemas, nem penas
que não sirvam ao voo leve
corolário dos poemas que
trago
atados a braços firmes
nem mesmo às pernas tontas
remonto à mesma pisada
tenho os pés nus pela estrada
em vertigem de surpresa
agora só ponho a mesa
ao que realmente interessa:
minha fome mais espessa
a presa mais controversa
a que custa a chegar, mas
pesa
na balança sem medida
a carne prenhe de vida
a conversa de lamparina
acesa.