sábado, outubro 08, 2011

Pilatos Song

mantenha as mãos sobre a mesa 
pra saberes quanto pesa. deixe-as 
a vista, não insista na conversa, 
não permita que elas digam 
o que tua voz omite. 

veja, criança do mundo, 
o que é o fundo do que 
estás a cavar sem descanso. 
é na tua esperança, tonta 
como um morcego na manhã, 
que teus pés pisam confiantes, 
antes do exílio inevitável. 

é no destino vivo da estrada 
que agora percorres, o brinquedo 
distraído de um sentido necessário, 
o teu santo remédio. 
aí o tédio delimita conquistas, 
sublinha as derrotas com tinta atroz, 
e prepara-te ao fogueiral 
de um júbilo novo. 

deixa que tuas mãos provem, 
ao crivo do que é fatal, 
onde está o mal na água 
que as lava, indiferente.

5 comentários:

Marcelo Marat disse...

Estava precisando de um pouco de boa poesia, nessa noite árida cheia de nada, e chegou bem a tempo, enquanto ouvia Finis Africae (puxa, já fomos tão legais!)... Se fosse uns anos atrás, pensaria logo essas palavras em desenhos de quadrinhos; atualmente, elas me remetem logo a um curta hitchcockiano... Não é má idéia: afinal, nos vídeos posso não apenas recriar suas imagens, Renato, como pensar em ter você atuando nelas em pessoa, Numa produção da Abuso... Você se arriscaria?...

E já que estou num melhor clima (ainda não é a note do suicídio), Picassos Falsos, para seguir em frente.

edson coelho disse...

mantenha as mãos sobre a mesa pra saberes quanto pesa: não precisa dizer mais.

Renato Torres disse...

Marat,

é claro que me arriscaria! e seria um risco de muito prazer... vamos amadurecer essa ideia! fico feliz que meus escritos te inspirem, te movam, encontrem reflexo.

sigamos, mano!

abraços,

r

Renato Torres disse...

querido Edson,

eis o que venho tentando fazer - com a faca do verbo a costurar-me os dedos...

abraços!

r

Anônimo disse...

é uma analise... sobre uma pessoa que pode ser considerada infantil e ingenua..
voce tenta ajudá-la
alertando as consequencias
e afirma que a confiança dela esconde o tamanho da ingenuidade
e junto destes conselhos que alertam... voce sugere que ela tenha discernimento no fim..

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.