segunda-feira, maio 02, 2011

Reinado de um homem no chão

"Meu reino por um cavalo!" - disse uma vez o monarca,

atado ao chão por uma arcada, a outra

atracada num céu deserto.


"Meu trono por um galope qualquer!" - diria mais tarde,

os olhos ardentes de água, tolo e

afogueado, no dia de sua estrela.


Eram dias daquela crença firme em cavalos alados,

e que o mínimo trotar tornava qualquer homem

num centauro lúbrico, irresistível.


"Meu chão por qualquer pasto invisível!" - rugiu na madrugada,

mas nada o demovia daquela ideia de que era um faminto.

Sentia nos ossos esbaterem-se borbulhos, a medula íngreme,

um instinto de morte, ou qualquer sorte modesta.

A festa de seu povo já estourava longe na manhã.


Foi quando se deu a perceber entranhado no chão, os pés

feito raízes aéreas, e outras forças etéreas evolando-se

através dos olhos e da boca, uma canção esquecida pairava,

a roca lendária fiava seu destino lírico, a aldrava em silêncio.


Renascia.

17 comentários:

Ana Flor disse...

Lindo, meu amor! Te amo. Felicidades hoje e sempre.

Flor

antes blog do que nunca! disse...

Querido amigo,

as forças etéreas estão contigo e vivem nas tuas palavras poéticas e irresistíveis!

Obrigada por tudo o que transmites! Parabéns pelo teu dia re-nato!

1 Bj*
Luísa

Lígia Saavedra disse...

Parabenizo ao seu reinado em nossas emoções, querido Renato!
Rendo-me à sua poesia e a majestade de seus versos. Bjs

Rosana Carvalho disse...

Parabéns amigo, você é lindo mesmo. Te admiro muito. Abração.

Rosana Carvalho disse...

Parabéns amigo, você merece tudo de bom.

Tere Tavares disse...

Parabéns Re-nato, muitas felicidades, sempre.

Beijo

Adri Oliveira disse...

Lendo tuas palavras me sinto voltar no tempo... onde erámos meninos brincando de ser gente grande.
É maravilhoso o poder que tens de transforma em imagens belas os sentimentos que trazes na alma.
Poeta marginal, um beijo n'alma.

Renato Torres disse...

More,

serei sempre grato pelo nosso presente: estarmos juntos.

beijos, te amo!

r

Renato Torres disse...

Lígia,

a majestade é mérito de quem tem um reino conquistado. no teu caso, teu reino é pleno de cortesia e singeleza, generosidade e amizade...

beijos,

r

Renato Torres disse...

Senhora Lua,

que bom poder contar sempre com tua amizade e com tua sensibilidade, infalíveis!

beijos,

r

Renato Torres disse...

Rosana,

minha querida amiga... obrigado pelo teu carinho!

beijos,

r

Renato Torres disse...

Tere,

obrigado, querida poeta! felicidades também, sempre!

beijos,

r

Renato Torres disse...

Adri!

minha querida... longe vão aqueles tempos de menino, onde nos conhecemos. mas ainda vivas as chamas da poesia e da amizade. aquilo que chamava sempre de 'desenho marginal' é, na verdade, o que nos caracteriza como humanos, demasiadamente humanos.

beijos,

r

dilita disse...

De novo muito bonito,e fora do vulgar.
Gostei!
Quero mais!
De Portugal,com saudações.
Dilita

Renato Torres disse...

Dilita,

que bom saber-te a gostar do que escrevo!

saudações e abraços desde Belém!

r

Unknown disse...

Caro poeta, desculpe o imbecil que vós escreve, mas na 1ª estrofe:
"Meu reino por um cavalo!" - disse uma vez o monarca,/ atado ao chão por uma arcada, a outra/ atracada num céu deserto.
esse "a outra" se refere a que mesmo?

Grato desde já,


Falcon

Renato Torres disse...

F. Silva,

sem problema. refiro-me à "outra arcada".

abraços,

r

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.