terça-feira, agosto 02, 2005

forasteiro

porque ando triste
ando sem saber se vale
cada palavra que eu cale
calada da noite escura.

porque ando triste
juras rolam nas valetas
esboroam-se nas retas
rasgam-se no rude asfalto.

porque ando triste
arrasto sombras quietas
dessas alturas incertas
onde mora o que revelo.

porque ando triste
vago em cidade estrangeira
sem ter olhos que me queiram
beira estrada, forasteiro.

porque ando triste
chego ao último destino
bem pra lá do desatino
feito poeta primeiro.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nessas horas percebo que a distância é mesmo inventada. Não só estamos perto, como também nossas almas, de apaixonados, de poetas, se confundem. E é mentira estar só.

A partir de hoje, seguirei sempre, e somente, o fio imaginário de todas as sensações.

Anônimo disse...

ando sem rumo nessa cidade...!
me sinto estranha aqui..mas sei q quando for embora..vou sentir saudades! beijos

Anônimo disse...

Oi meu querido!

Nossa, impossível não remeter ao "Estrangeiro", foi direto.

Já houveram épocas em que me via assim, estrangeira de mim mesma, como já escreveu alguém. Acho q agora consigo estar na estrada de tijolos amarelos e mesmo assim me sentir em casa.

Bj doce. Sempre

Dani Franco

Renato Torres disse...

anabel,

na distância, refulge a tua inocência já perdida... a tua delicadeza de menina, de aprendiz, que agora vejo endurecida pelo porte intelectual e livresco. mas sempre poderei reler o teu comentário, aqui, neste poema vagabundo.

beijo,

r

Renato Torres disse...

shai,

já te foste, creio. daqui, do futuro, de onde te vislumbro perdida, sei que buscaste o melhor. vai, forasteira.

beijo,

r

Renato Torres disse...

Dani,

nunca sairá de nós essa sensação de estrangeiro, é algo existencial. mas sim, podemos nos sentir em casa de diversas maneiras. como diz Waits, "anywhere i lay my head, i call it my home".

beijos,

r

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.