por vocês, que por mim passaram
anos de pedra e de vento
a conta dos acontecimentos ressoa
em cada folha que voa
sobre os olhos da criança que fui
porque esperei por cada um
com luz acesa e esperança
e o alimento dos sonhos
na chuva leve que cai
pelos ombros de janeiro
até o desabrochar dos dias
inteiros
cordilheiras de horas erguidas
sobre as feridas curadas
na despedida e na chegada
em que te acolho
revolvido
como um feixe de terra
cerzido à mão, semeado
me entrego cultivado
aos cuidados do devir
a vocês, ponteiros de Cronos
grãos de areia escorreitos
ofereço o leito semovente
o diamante sem tempo
dos viajantes: prosseguir
a estrada é o rumo
viver é sempre chegar
e partir.
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