terça-feira, agosto 28, 2012

Nu e cru

sou nu e cru como sempre
unha e carne com o perigo
ando bem leal comigo
da cabeça ao baixo ventre

os meus pés eu deixo à solta
para irem sem destino
sou o homem e o menino
pelo mundo sem escolta

mas escuto o que me falam
as canções e os amigos
choro, bebo, berro e brigo
por tudo aquilo que calam
 
e por tudo o que sangra
estanco à minha maneira
com metal, fogo e madeira
da viola à voz que singra

atravessa a vida a nado
num estado de urgência
repetindo em mim a ciência
do mistério desvendado

sou tal e qual desde o berço
desde antes desta vida
tenho a alma repartida
entre o que peço e mereço

nu e cru, no descompasso
nunca esqueço minha sorte
lanço dados com a morte
fundo corte do que faço.

12 comentários:

Patrícia Rameiro disse...

E de ternura em ternura se faz Renato!

Ana Guimarães disse...

Beleza, Renato!

Lígia Saavedra disse...

Sou sua fã e agora seguidora do seu verso desnudo, querido Renato.
A poesia se faz com as vestes da vida...
Bj

Renato Torres disse...

Pa,

A ternura se faz carne na tua presença, nos teus olhos vivos... Nunca deixarás de ser isso que se alarga, belo!

Beijos, saudades!

r

Renato Torres disse...

Ana!

Sempre bom te receber por aqui!

Beijo,

r

Renato Torres disse...

Lígia,

Sim, com as da vida, e também as da morte, com as da sorte e do destino, com as do ato e do entreato... Sigamo-nos!

Beijo,

r

Fabiana Leite disse...

melodia de mundo
é se derreter na sua boca
- canção certeira de encontro

sempre que me perco de rumo
me encontro mais
em ti

e já não sei como pude ser
antes de te ler

ser poeta é pão
ser poeta é rio

e na minha ânsia de voar
me amarro pelos teus poemas
às minhas própias asas

Ana disse...

Ai, meu lindo amigo! Seus escritos são um presente pros nossos olhos, ouvidos e coração. Tocam fundo viu? Obrigada por compartilhar. Beijos de Ana Reis e Anabel.

Renato Torres disse...

Fabi,

que lindo!... é uma grande responsabilidade ser teu indutor nesse caminho das palavras... confesso que desconfio um pouco disso, e acho mesmo que tens asas bem vivas, que ficam esperando um mote qualquer pra saírem varrendo o vento!... voa, menina, longe!

beijo,

r

Ceci Bandeira disse...

Comecei a conhecer o seu trabalho à pouco tempo e estou encantada, espero pode ver um show seu em breve.
Beijos

Renato Torres disse...

Ana,

saber que meus escritos te tocam fundo me enchem de alegria! saiba que sempre me tocaste fundo, com teu carinho e tua amizade...

beijos pra ti e Anabel!

r

Renato Torres disse...

Ceci,

esteja à vontade! seja bem vinda à minha casa de palavra, e quando chegar o momento, venha também à casa dos sons!

beijo,

r

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.