terça-feira, outubro 16, 2007

Independente

para itamar assumpção

sou independente, um índio pendente
a negro, um pedinte, não nego
devo quando puder, eu pago sapo
eu pago o pato, é patológico.
sou ideologicamente indigente
sou uma indecente serpentina
não jogo confete, não aceito purpurina
sou pura urina de poste de rua
sou dado à arruaça, sou caça de
carne dura, mordedura dos caninos
em teu calcanhar de aquiles.
sou aquilo, e isso posto, só desgosto
do que custa a dizer o que é. sou
aquele um, o desdito, benedito santo
do pau oco, sou rouco de tanto que
canto, por isso que minto que invento
o que, na verdade, é de fato.

16 comentários:

Márcio Moreira disse...

Teus textos sempre me salvam do afogamento cotidiano.
obrigado por não deixares tuas páginas em branco!
Se tua pessoa anda sumida...tua poesia sempre se fará presente nos meus dias!
Te amo amigo meu!
Dá uma olhada nas minhas tentativas:aesteticadoolhar.blogspot.com
beijo enorme.

Marcelo Marat disse...

Um poema digno de Itamar Assumpção. Mesmo em conta-gotas, é bom ver você voltar a escrever aqui.
Abraços!

LEEMAX disse...

Independente de qualquer coisa-negócio.... vc é o melhor renato!...que suas páginas nunca fique em branco....

BRIGITTE LUIZA disse...

Independente de tudo, sou sua fiel leitora. Não deixe de escrever na sua página em branco.

Abração!

Tere Tavares disse...

Renato,
Tua fala é mesmo do povo sem voz, ou com voz inaudita. Te guardo amigo, da sempre página.

Marcelo Marat disse...

Relendo agora, notei que lembra um pouco umas viagens do Filipe Cordeiro nas letras de uns sambas invocados que ele faz.Seria interessante ver umas interações com essa garotada mais nova (não que estejamos velhos, Renato, é claro). O resultado deve ser sempre interessante.

Unknown disse...

"Páginas Brancas" reluzentes... Linda poesia, calorosa e revigorante! Obrigada por me apresentar estas páginas.
Grande Beijo

Renato Torres disse...

marcinho, parceiro,

a vida tem dessas distâncias absurdas que se formam, mas a gente sempre vai dar um jeito de aprontar algo, né? vou ver tuas inventanias...

beijo,

r

Renato Torres disse...

marat,

estive a ler a biografia do mestre nego dito, dois volumes de um songbook necessário. este texto saiu nos dias em que estive mergulhado neles...

abraços,

r

Renato Torres disse...

andré,

haverão de um dia estar... mas por ora...

abraços,

r

Renato Torres disse...

brigitte,

a tua fidelidade me honra. venha sempre...

beijo,

r

Renato Torres disse...

tere,

é curioso mesmo que eu, sendo poeta, faça tanto mais uso de minha voz a cantar do que a dizer o que escrevo... parece a mesma coisa, mas é diverso. mas um dia estarei mudo, mais nada.

beijo,

r

Renato Torres disse...

marat,

em verdade, já tenho duas parcerias com o grande felipe: a bossa "cicatriz" (que foi gravada e vai sair no disco de estréia dele), e "rumo estranho", uma espécie de cavalgada alucinada... velho é o mundo, mano... nós estamos é bem demais!

abraços,

r

Renato Torres disse...

olá betinha,

ficaria mais feliz ainda se pudesse retribuir a tua visita, mas não consigo entrar no teu perfil... de todo modo, agradeço-te a visita, e o teu gostar.

beijo,

r

Eduarda Petry disse...

Renato, amigo, me perdoe a demora...Nem tenho desculpas pra te dar! Mas é que, sei lá, ando meio metamórfica nos ultimos dias...

O ser, o que é ser?Ser é não ser, é ser o que se é e não se é, é ser o que se quer e aquilo que não desejas.
Não somos, porque se fossemos, nos tornariamos iguais eternamente.E mutar é a melhor forma de se ser o que não se pode: diferente.

Renato Torres disse...

eduarda,

hum... diante do teu discurso intricado, resolvo-me desta forma: sou. e independente do que seja ser, sou... ainda mais inteiro quando me busco verdadeiramente, na direção luminosa, sou. não ser é tão extenuante!

beijo,

r

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.