domingo, setembro 11, 2005

Fui assistir ao novo espetáculo da Cia Moderno de Dança sobre a ditadura militar no Brasil. Imagens impressionantes em música poderosa de Chico Buarque... Entre mortas e feridas sensações, perseguiu-me esta frase inicial de "Bom Conselho", que me fez acordar nesta madrugada de 11 de setembro (coincidência?), com motes girando em minha tonta e sonolenta cabeça... onde... está... meu... caderno...?...


Ouvindo Chico ou O Não Dito

inútil dormir, que a dor não passa.
inútil sonhar, que a cor não grassa.
inútil viver, que o fim não rasa.
inútil rezar, que deus não erra.

inútil errar, que o vento encerra.
inútil cerzir, que o fio esgarça.
inútil gostar, que o medo emperra.
inútil empurrar, que a fila é dupla.

inútil driblar, que o jogo é ganho.
inútil falar, que o som não cessa.
inútil saber, que a lei não sobra.
inútil cobrar, que o jugo aperta.

inútil lembrar, que a vista cansa.
inútil alcançar, que a meta é farsa.
inútil afastar, que a força é bruta.
inútil lutar, que a guerra é santa.

5 comentários:

Anônimo disse...

Renato,
Seus textos ou os postados por vc me fazem refletir muito e me dão enorme prazer!
Inútil resistir!!!
Te adoro
Beijos,
Hilcarla

Lu C. disse...

Oi Renato, vim verf de quem era a Página Branca, e qual não foi minha surpresa em ver que era teu?!

Lindo blog, lindos poemas.
Saudade de você! Beijo
Vai me visitar:

http://serenatasemares.blogspot.com

Anônimo disse...

Pois aqui estou, que sempre estamos. Sintonia, pra variar: há algumas semanas fomos à biblioteca nacional da Argentina, que o Borges dirigiu, e onde ele deixou o livro de areia. Memória e esquecimento (fotos no Orkut). Sábado vimos uma peça sobre a ditadura uruguaia, impactante, impossível sair sorrindo ou calmo.

Anônimo disse...

Borges faz mais sentido conforme vamos envelhecendo. Tu devias ter visto a pecinha que fizemos com os textos dele, na qual acabei conhecendo a Camila. Tu devias ter caminhado com a gente em Palermo e ter passado na frente da casa onde ele morou. Nós deveríamos pegar um Guamá-montepio e sair atirando folhas com poemas na cara das pessoas, rindo, cantando...

Anônimo disse...

re...
sem duvidas tudo que voce escreve é lindissimo...e disso eu ja sabia, LINDO BLOG, MARAVILHOSOS POEMAS...saudades(mesmo pertinho!)
te adoro
ps:.passarei por aqui sempre que poder ok?
bjoks

Quem sou eu

Minha foto
Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.