quarta-feira, agosto 10, 2005

Tenho publicado poemas, e recebido sinais. Uns refulgem cá, outros lá... não importa. Tenho feito de meu exílio um rescaldo donde dou-me a conhecer melhor o que tenho. Terminei hoje o grande livro de conferências de Borges, Sete Noites (Max Limonad), que recomendo com paixão. Navalha foi escrito sob tais fulgores, e compartilho então de uma de suas inesquecíveis luminescências, de um Borges octogenário e cego:

"Não apenas o escritor, mas todo homem deve se lembrar de que os fatos da vida são um instrumento. Todas as coisas que lhe são dadas têm um sentido, ainda mais no caso do artista; tudo o que lhe acontece - inclusive humilhações, mágoas e infortúnios - funciona como argila, como material que deve ser aproveitado para sua arte. Lembrei disso num poema, onde falo do antigo alimento dos heróis: a humilhação, a infelicidade, a contradição. Essas coisas nos foram dadas para serem transformadas: fazer com que as circunstâncias miseráveis de nossa vida se tornem coisas eternas ou em vias de eternidade."

Jorge Luís Borges

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu adoro literatura latino americana, eu descobri nessas férias uns escritores maravilhosos de El Salvador, da Guatemala, da Jamaica...

"e eu sou desgraçadamente Borges"

eu gostaria de ser tb.

bjos!

Anônimo disse...

Renatinho, amo o que vc escreve, meu caro e esse é mais um dos seus cavucantes poemas. Mas, nesse vc fala de Borges, "poxa"!
Lembro de Borges, agora, uma frase que está em um imã na minha geladeira, frase que eu leio todos os dias e que, a mim, ressoa verdadeira e luminosa:
"Sempre achei que o paraíso fosse uma espécie de livraria".
Olha que eu não conheço lugar onde me sinta melhor. Mas, teu blog é uma espécie de livraria, hehe.
Beijos.
Vital

Renato Torres disse...

Palo,

tu és, eu sou, somos desgraçadamente Borges, e muitos outros mais.

eu aqui, tardiamente, te respondo... mas com um amor sempre presente...

beijos,

r

Renato Torres disse...

Vital,

meu irmão, meu parceiro, tanto me orgulha que, em algum momento, meu blog tenha sido pra ti algo como o paraíso borgeano!... sinto falta de suas visitas em meus poemas, verdadeiramente...

abraços,

r

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.