quarta-feira, maio 01, 2013

Ao segundo dia

o tempo é o melhor caminho
este que trilhas como que
                                                sozinho
sem parecer que morres outro
que nasces muitos
                                   a cada minuto.

deixa que o tempo te cuide:
permaneças um viajante,
guardando e dourando
                                          memórias
como quem elege recortes.

abrevia teus cortes e sangrias
sob a malva e o cipreste
dos dias vindouros,
repensa o ouro do que sentes
afrouxa a faca entre os dentes
adornando o rebordo
                                        dos medos
com as flores de maio
com o mínimo raio que se enfresta
ao segundo dia da festa
ao se recordar entre os teus
que nasceste deus e poeta
e que apertas entre os dedos
                                         a destra clave 
de tudo que
               se abre, infesta, aflora.

o tempo, sabes, é tudo o que
há de melhor agora
sem negar suas dores
e que há de provar
                                    sua inexistência

(sua bela ciência de deus imaginado).

5 comentários:

edson coelho disse...

maravilha, renato: um prazer para os olhos e para o pensamento.

Renato Torres disse...

Edson,

um prazer pra mim é receber tua visita valiosa, irmão!

abraços!

r

patrícia rameiro disse...

só quero saber se o poeta pediu divórcio da página branca.

Renato Torres disse...

Pa,

bem sabes o que são esses vácuos na página... continuo escrevendo, mas nem sempre lembro de publicar! rsrs

mas satisfarei teu desejo já!

beijos,

r

Belana disse...

Que lindo!! Amo ler essa página

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.