quinta-feira, junho 21, 2012

Poema de Não Acordar


de olhos fechados um pouco mais
pra não deixar misturar
o mar adentro com tanto acordar
o escuro de fora, a luz de dentro
espera agora até capturar
a chave-mestra, o desalinho
um pergaminho feito a sonhar

é que o desfeito da vigília 
pode transformar em ilha
tudo o que significar
e o porto abreviado, a árvore
da infância, o sexo doce
da moça sem posse, toda
a fábula que ordenhas
pode desordenar a senha
secreta, mergulhada na lagoa

de olhos noturnos, a semente 
coroada, abrigada pelo útero
da fulgurância de nascentes 
quer velar aquilo que revela
e que na manivela do invento
mais ainda torna intento
o momento em que desmantela.

8 comentários:

Unknown disse...

irretocavel de cabo a rabo, sempre serás o poeta que se embrenha na alma..


beijo

Soc Ferreira disse...

Grata amigo por nos proporcionar tão linda poesia!
Bjs,
Soc

Fabiana Leite disse...

Mas tudo se misturou num segundo
O mar e o escuro, o dentro e o fora,
A luz e a lógica
O porto a árvore a fábula a lagoa a senha
E desfez toda espera

Porque quando o desejo por semente
nasceu do útero e jorrou nascente
não era do ventre que nascia o invento
era do desmantelo do momento

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Torres disse...

Alma,

irretocável mesmo é a tua amizade, a tua dedicação em ler-me, e em te reconhecer no que escrevo! eu beijo seus olhos...

r

Renato Torres disse...

Socorro!

eu que agradeço por ter tão preciosa amizade!

beijos,

r

Renato Torres disse...

Fabiana,

adoro quando meus textos provocam outros textos! este teu, um intento intenso, inteiro um sonho tornado entidade, uma verdade que se afirma, como és.

um beijo,

r

Renato Torres disse...

Ana,

libertar é já um desassossego, não? o susto da liberdade... é quando nos inquietamos, quando saímos da tão confortável segurança da prisão... bom saber que gostas dessa turbul6encia!

beijos e cheiros,

r

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.