quinta-feira, setembro 02, 2010

A Verdade

é, meu amigo: respira fundo
porque o mundo não é raso
e faz pouco caso do que te incomoda.

decide teu lugar à roda dos fatos
e vê que os ratos da ilusão
hão de roer-te os calcanhares

hão de faltar-te os ares logo
que o jogo dobrar a curva decisiva.

é, meu amigo, sua tua camisa
que os dias não são quentes à toa
se tens a metade da broa, não te acomoda

que a poda fortalece os galhos

lambe teus lanhos, busca o que te falta
e vê que a malta detratora não descansa
antes marca a dança, o passo rude
e, amiúde, vem à baila a verdade.

20 comentários:

Lígia Saavedra disse...

É a pura "verdade", Renato!
A gente sente a juventude de sua verve nos aguerridos versos e se encanta com a energia que nos transmite.
Viva você, querido Poeta!
Bjs

Madalena Barranco disse...

Trabalhar a terra pela verdade... Versos fortes e à procura de água. Beijos.

edson coelho disse...

"a poda fortalece os galhos" - isso vale pra pele, pra memória, pro passado, presente e futuro - verdadezinha ao mesmo terrível e vivificante.

Ana Guimarães disse...

É verdade, amigo. E não só a poda fortalece os galhos...
Grande poema!
Abraços

Lucimara Souza disse...

Que lindo, poeta!
Um maravilhoso final de semana.

Tere Tavares disse...

Verdadeiramente lancinante.
Encatadoras letras.
Beijos

Anônimo disse...

Querido Renato,

sinto verdade nua e crua nas tuas palavras poéticas e corajosas.

Bem hajas!

1 Bj*
Luísa

Renato Torres disse...

Lígia,

este poema foi escrito com uma "raiva branda", se é que isso é possível. pelo menos, tentando controlar e converter esse sentimento em algo. surgiu esse "recado" que dou a mim mesmo.

beijos,

r

Renato Torres disse...

Madalena,

sim, trabalhar a terra, uma imagem perfeita. eu diria ainda (como numa antiga canção): "lapidar a gruta estreita, trabalhando a pedra". e em busca, sim, de água, da água delicada e humana.

um beijo, minha querida,

r

Flavia Futata disse...

Saudade e sede dessas águas.

Renato Torres disse...

Edson,

a natureza terrível e vívida da verdade sempre nos será necessária, e por mais que pretendamos, jamais nos será indiferente. tuas palavras reforçam a certeza que tenho de continuar buscando verdades urdidas na palavra poética.

abraços, mano!

r

Renato Torres disse...

Ana,

a poda, a água, o sol, o balanço pendurado, o ninho, o vento, a chuva, as folhas e os frutos... muitas coisas. mas a dor é sempre a primeira mestra.

sempre bom te receber!

beijo,

r

Renato Torres disse...

Lucimara,

agradeço tua gentileza em vir, e ler!

abraço,

r

Renato Torres disse...

Tere,

lancinante, eis uma bela palavra. e bastante verdadeira, ao se referir a este texto. és sucinta, e sempre precisa, minha amiga...

beijo!

r

Anônimo disse...

r,

Que poema maravilhoso. Não te inocenta do trabalho de poeta ao dizer que é um simples recado que dás a ti mesmo, pois realmente acertaste o ponto neste. Da linha dos teus poemas terapêuticos, a exemplo daqueles publicados por aqui entre 2006 e 2007, considero este o melhor, seja lá o que isso signifique. Diante de uma época tão confusa, de pessoas tão perdidas, é recofortante encontrar ensinamentos sábios, que tanto nos faltam para levermos nossa vida. Obrigado por compartilhar todas as verdades que aprendeste. E ainda por o fazeres de uma maneira tão bonita.

Renato Torres disse...

Senhora Lua,

a verdade que sentes é a verdade que em ti refulge. bem hajam sempre amigos e leitores sensíveis como o és!

beijo,

r

Renato Torres disse...

Flavinha!

uma surpresa e um presente a tua aparição carinhosa e amiga no meu blog!... saudades também tenho de ti, e de nossos papos terapêuticos sobre o amor e a vida... apareça sempre que quiser!

beijos, e amizade sempre!

r

Renato Torres disse...

Anônimo,

é sempre pra mim constrangedor responder a comentários anônimos, por não saber a quem me dirigir, mas lá vai:

não busco me inocentar ao dizer que o recado é, em primeira mão, para mim mesmo. se não quisesse assumir responsabilidades com o que escrevo, nem publicaria. quando o digo, faço sinceramente, por entender a escritura como uma necessidade básica em minha vida, cujo objetivo primeiro é "agradar"(ou desagradar) a mim mesmo.

objetos artísticos sempre foram e sempre serão alvo de julgamentos mais ou menos acertados, e sempre transitórios, pessoais. o que consideras o meu "melhor" pode não o ser a outrem, obviamente. desculpe, mas considero um exagero te referires ao que escrevi como "ensinamento sábio"... realmente, não é minha intenção ensinar nada a quem quer que seja. das vezes em que tentei fazer isso, o fiz como "professor" numa sala de aula, dentro de certas limitações e circunstâncias. aqui, sou apenas um poeta desconhecido do grande público, e que pretende apenas ir escrevendo e publicando. se o que escrevo servir a alguém como ensinamento (se serviu a ti, por exemplo), ótimo. se não, ótimo também.

de todo modo, agradeço a imensa generosidade e reconhecimento que transmites em teu comentário. no fundo, as "verdades" de que falo no poema são coisas que nossos antepassados já sabiam, e que nós, com as pancadas da vida, vamos pouco a pouco conhecendo também. agradecerei se, numa próxima oportunidade, puseres teu nome ao comentar.

abraços,

r

Márcio Moreira disse...

Doce Rê,
Como se não bastasse tua visita descreta nos meus casosbesteira, sou recebido na Página branca por versos tão serenos como esses, que me dão forças para seguir daqui o9 que tenho de seguir.
A Saudade de ti me sobra, Espero logo poder te ter por perto, para que haja na realidade tanta poesia quanto nesse espaço!
Um Beijo No coração, desse menino que um dia ensinastes a poesia...

Renato Torres disse...

Márcio,

serenidade, doçura e leveza são presentes que tu me trazes com teu comentário. a amizade que nos une sempre estará presente, não importam os percalços. e a poesia será nosso farol.

abraços com carinho!

r

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.