quarta-feira, abril 14, 2010

Sim

pra entender a luz do dia

uso toda cor, todo retalho

pra corrigir as malfeituras

suco de maçã, abraçar de manhã


abrir os olhos serve pra

firmar o coração, mirar o fundo

se for pra revirar o mundo,

mudo a direção


sou o ouro e a brisa

o estandarte, o vinho

canto pelo caminho

pra viver só é preciso nunca dizer não


pra libertar a maresia

vale rodopiar, tontear os olhos

pra desvendar a tua procura

lembra o que sonhou, conhece a tua dor

idéias novas são pra

clarear a indecisão, cegar o rumo

ter o futuro novamente inteiro em tuas mãos


seja o ouro e a brisa

o estandarte, o vinho

canta pelo caminho

pra viver só é preciso nunca dizer não


deixar levar

abrir-se o tempo

não ser senão

por um momento.

29 comentários:

Unknown disse...

Meu sentimento apontou para esta poesia como uma letra de música.
Consegui ouvir até as dissonâncias enfeixadas em meio ao ritmo branco do poema.
Obrigado pelas visitas e carinhosos comentários.
No caso do Coltrane, conheces Central Park West?
É um baladão lindo com um piano intimista do McCoy Tyner.
Está no meu perfil do Google.

Abraço.

Ricardo Mainieri

Dani Franco disse...

Nossa, como eu precisava ter lido isso...

Tão raro e difícil ver gente assim, de verdade, que se abre, se desnuda, se apresenta transparente. Tão bom quando encontramos paragens sólidas, mas que se deixam umidecer...

Sonhos lindos pra você.

Breve Leonardo disse...

[tanto mar que se encurta na palavra...]

um imenso abraço
de palavra em forma!

Leonardo B.

Gabriela disse...

Melhor quando há um poeta, mesmo ao longe para dizer por nós aquilo que as vezes nos soa estranho, louco ou cafona. Mas serviu muito ao meus sentimentos, lá do fundo do coração mineiro, que nos últimos tempos tem ousado dizer SIM a muitos inesperados e desconhecidos dias e encontros!!
Irei passar um mês em Belém em julho. Vamos nos encontrar.
Um beijo,
GABI

Andréa Flores disse...

Esse é o Renato, que eu gosto tanto, que não vejo há tanto...
Que escreve com o organismo inteiro, me lembra Dionísio e fica entranhado.
Saudades tuas. Linda poesia.
Beijos,
Andréa

Lígia Saavedra disse...

Hoje, querido Renato, eu precisava muito ter lido "SIM" estou down há dias e só tenho encontrado com a tristeza em meus versos.
Suas alvas palavras de esperança me fizeram aspirar por ela.

Obrigada amigo!

Bj

edson coelho disse...

"abrir os olhos serve/pra firmar o coração". é, seu renato: viver é como ser poeta: é preciso dizer sim aos riscos e sobreviver a eles. para você, amigo: cuidado sempre com o pescoço.

Anônimo disse...

Ter visto "sim" nascer e compartilhar de tantos elogios por aqui me dá um orgulho sem tamanho!
Amo você meu amigo sempre e sempre!
Em breve estaremos cantando!

Anônimo disse...

Sou eu ai em cima!
Juliana Sinimbú

Tere Tavares disse...

Um sim inegável e contundentemente necessário; assim exige a vida.
Abraço fraterno

Renato Torres disse...

Maini,

sim, meu amigo: é uma letra de música. escrevi para uma melodia nascida em Recife-Pe, depois de visitar o grande compositor Lula Côrtes. vou ouvir o tema do Coltrane, que ainda não conheço...

abraços!

r

Renato Torres disse...

Dani,

ouvir de ti que precisavas do que escrevi é mais do que satisfatório, fundamental. tenho procurado escrever, especialmente para canções, com uma clareza e objetividade maior, inclusive no que diz respeito às coisas de que realmente necessitamos pra viver. mas isso, claro, é apenas uma visão particular, sem pretensões de dar lições ao mundo... adorei tua visita!

beijos,

r

Jean Leal disse...

Olha, Renato.Me lembro de alguns trechos dessa música e pude ver o quanto ela me encantou.Agora como tenho mais atenção ao que ela diz é que estou mais encantado ainda.
"mirar o fundo se for pra revirar o mundo,mudo a direção"
Gostei disso, muito interessante.
Parabéns pelo grande poeta que és!Te desejo sucesso sempre!
Abraços, Jean Leal

jef cecim disse...

Renato...que bom ler sempre coisas novas tuas aqui...maravilha mano!!!

"pra viver só é preciso nunca dizer não"

grande abraço,

jef cecim

Larissa Medeiros disse...

Re,

Senti algo muito familiar nesse texto. Realmente arrumei algumas boas companhias por aqui. É preciso dizer sim sim sim, para arrumar boas companhias, para viver, ecrever, pra experimentar, pra escolher, pra sonhar, pra transformar e pra não afundar na solidão.
Fiz outro blog como sugeriste, vou colocar as coisas novas e antigas aos poucos. O nome dele foi retirado de um comentário lindo que escreveste no blog antigo. Obrigada!!!

Anônimo disse...

como é bom te ler meu querido amigo...ainda mais quando estamos em uma lua de tantas mudanças de caminho pra simplismente dizer sim ao nosso bem.
bjs fraternos
dri

Lucimara Souza disse...

Tuas letras dão prazer...
Abraços
Lucimara
www.textos-e-reflexoes.blogspot.com

estou te seguindo...

Renato Torres disse...

olá Leonardo,

sim, a palavra há de abrigar mares, lugares imaginários, infâncias e ânsias futuras. bom saber que minha poesia chegou marolando aí por tuas praias lusas.

abraços!

r

Renato Torres disse...

Gabi,

fico felicíssimo em saber que as palavras que escrevo vão longe, atingindo sensibilidades como a sua. um prazer saber que amigos de toda parte vêm aqui celebrar a beleza e a poesia, obrigado!

em julho não sei se estarie em Belém, mas entre em contato!

beijo,

r

Renato Torres disse...

Andréa, minha querida!

saudades também tenho da tua amizade, e da companhia tão agradável. fico feliz e envaidecido com a tua visita, com teu carinho sincero ao que escrevo. venha sempre!

beijos,

r

Renato Torres disse...

Lígia,

essa necessidade, explicitada aqui por ti e por outras pessoas, muito me alegra. porque eu também precisei escrever algo como Sim, e vejo, nas respostas, que persegui a intuição correta. nestes tempos loucos em que vivemos, fácil ficar triste e melancólico. difícil é dizer sim.

beijos, e fique bem!

r

Renato Torres disse...

mano edson,

por um instante quase pensei que não tinhas apreciado o poema... mas depois reconsiderei. é mesmo oportuno o teu conselho, e admitir: dizer sim é, sem subterfúgios, arriscar-se. cuidarei do meu pescoço, como disseste!

abraços, e admiração sempre,

r

Renato Torres disse...

Juliana,

minha amiga, não à toa estavas por perto, vendo Sim nascer, como também em breve irás cantá-la. afinal, é uma canção sobre a vida, a amizade, o amor, sobre buscar ser melhor. obrigado por tudo quanto contribuis pra isso na minha vida.

um beijo!

r

Renato Torres disse...

Tere,

haveremos de sempre dizer sim, minha amiga...

um beijo,

r

Renato Torres disse...

Jean,

sim, já tiveste a oportunidade de ouvi-la. agora, deixe suas aspirações fluirem na existência, poesia deve ser respirada no cotidiano, feita daquilo que somos todos so dias.

abraços!

r

Renato Torres disse...

meu querido,

prazer grande pra mim também é receber amigos especiais como tu és, aqui na página branca! volte sempre, fique à vontade, a página também é sua.

abraços,

r

Renato Torres disse...

Lari,

essa busca por familiaridade é, curiosamente, contrastada por um mote que me foi dado pela Ana Flor pra escrever essa letra: a exemplo de "Diariamente", da Marisa e Nando Reis, escrever frases de causa e efeito, buscando uma atmosfera fantástica, onírica, e ao mesmo tempo cotidiana, familiar. acho que o resultado tem muito do clima de Recife, onde a melodia foi construída inicialmente, e também os climas equatoriais da ilha de Colares, onde eu e Flor conversamos bastante sobre o que essa letra diria. que bom que refizeste o blog, sigamos em frente na forja da palavra!

beijo,

r

Renato Torres disse...

Dri,

as mudanças são como danças onde temos de aprender novos passos, tropeçar por vezes, mas seguir no ritmo doido da vida, que sempre nos surpreenderá. dizer sim, deste modo, é tão somente aceitar o convite à dança.

beijos, e feliz sempre de ter tua amizade!

r

Renato Torres disse...

Lucimara,

e que prazer me dá saber disso! já visitei e comentei um texto em teu blog. sigamos!

abraços,

r

Quem sou eu

Minha foto
Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.