quinta-feira, março 04, 2010

Inícios

Recolhe nas unhas o esmero do cio
o vazio dos lençois quarados na memória.
vê a tua negra vegetação tornar-se úmida e âmbar
com o canto de um galo.

Sente o estalo do sonho,
prenhe além das bordas,
e acorda para dentro da tua fabulação:
entende a paisagem nunca antes inventada

Objeta o n
ada com tua inesperada resposta,
feita de uma outra substância: a nova inteligência.
dá aos outros esta ciência feito óbolo e hóstia
concorra para que o fragor não ranja
além do óbvio.

Sê, para os inícios, a vontade legítima.

14 comentários:

Benny Franklin disse...

Fabulosa e Fantástico Canto!
Parabéns, mano!

Tere Tavares disse...

Há ouvidos que olham e há olhos que ouvem. Sem ruído algum. Não escapa aos sentidos o teu sentir, nestes tão sublimados versos.

Beijos

Felipe Ribeiro disse...

Fale, gel japones!
podemos músicar esses versos?

Renato Torres disse...

Benny,

sempre muito bom receber a tua leitura generosa!

abraços,

r

Renato Torres disse...

Tere,

eu diria que há sentidos em tudo o que se sente, mesmo que as palavras ali não cheguem, como miragens num deserto. é bom que estejamos perto do que não sabemos, assim, apenas a pressentir...

beijos,

r

Renato Torres disse...

Felipe,

mas é claro, menino! esteja à vontade, sinta-se "estimulado"!... rsrsrs

abraços,

r

edson coelho disse...

renato, vamos publicar esse livro, ora! o poema a página branca II também é uma maravilha.

Sílvia disse...

Haverá sempre um novo início em que esquina :)

Beijo

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

sempre uma surpresa, delatas de maneira brilhante o sentir verdadeiro do ser humano. Bravo!
admiro vc e muito!

antes blog do que nunca! disse...

Querido Renato,

um poema perfeito para inaugurar a vida e suas mais valias de instruir o ser humano a dar asas aos seus desejos.

1 Bj*
Luísa

Renato Torres disse...

edson,

sabes, também penso que já passa da hora desse livro sair. espeor contar com a tua ajuda pra por adiante esse projeto de vida. valeu pelo teu incentivo!

abraços,

r

Renato Torres disse...

Sílvia,

Inícios é, como grande parte do que escrevo, um poema imperativo que pretende chamar minha própria atenção a algo. procuro prestar atenção, calmamente, ao ler e reler o que escrevo, pra entender os recados ali contidos. fico feliz de ver pessoas novas a ouvir este chamado.

um beijo,

r

Renato Torres disse...

Cínthia,

delato-me a mim mesmo, creio. e não posso almejar mais do que isso, quando o que escrevo também é revelação para mim mesmo. a admiração é mútua, minha amiga.

um beijo,

r

Renato Torres disse...

Luísa,

este poema surgiu como um recado enigmático, na capa de um livro de Clarice, que ainda estou a ler. começou no fim do ano passado, e foi terminado no início deste ano. claro, é simbólico e sintomático também que ele termine com um conselho fatal: tenha uma vontade pura. sempre a agradecer a atenção carinhosa que dás ao que escrevo.

um beijo!

r

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.