minha consciência pesa viva na balança
carne fresca de primeira razão
minha consciência é pedra no teto de vidro
de quem esconde ouro feito ladrão
pesa quanto vale, cale-se quem não se sabe
sacro cálice de seu coração
couraça, caroço, grotão, gruta escura
grão de bico quieto, feto de furacão
minha consciência perde a paciência
com tanta ciência douta no que é banal
d’outra forma, o que não se aprende sente-se,
que isso depende de um mistério ancestral
conscientemente, mente-se quando se prende
a consciência entre o bem e o mal
peso da prosódia fatal, fado diferente
em que pese a pedra filosofal.
*poema escrito para música de Felipe Cordeiro & Renato Torres.
inerência da linguagem mormente na página branca: a potência da semente, a semântica do mote cotidiano, sem planos. poesia para o enfrentamento do que inexiste, mas urge. grafias caboclas e indígenas por ascendência, oriundas de uma terra feita de águas intensas. poemas registrados na Fundação Biblioteca Nacional - RJ
segunda-feira, janeiro 28, 2008
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Quem sou eu
- Renato Torres
- Belém, Pará, Brazil
- Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.
20 comentários:
Tu és o destemido feto do furacão que constrói, em meio às agitações da palavra, a alquimia do verso.
Já havia esquecido como era te ler... quanto tempo perdi.
Que alegria ver que aquela
ideiazinha astuta
ganhou uma letra dessas...
Seco
perspicaz
metáfora viva
estica a percepção
Obrigado parceiro!!!
Felipe C
dai,
ler sempre será possível... a página branca cá está para tanto. um dia, livros... por ora, o canto.
beijo,
r
mano felipe,
a palavra é feliz quando encontra seu leito, seu assento lírico, e sonoro. aqui, nos encontramos mais uma vez, no misterioso intento que nos faz parceiros na música e na vida. quero seguir adiante!
abração!
r
Tens o verso e a voz, a música no mais belo tom.
tere,
o verso e a voz, eis uma parceria poderosa... que hajam asas adiante.
beijo,
r
Raros são os que dominam a palavra para criar um pouco mais de sentimento no mundo: sentimento estético, poético, lírico e - claro - bem musical. Para tornar o mundo um lugar melhor, mais "suportável".
Você é da Confraria dos Raros, Renato. Agora, onde escutar a música pronta?
marat,
é realmente raro que no mundo em que vivemos hoje se oportunizem os encontros de sensibilidades. tudo é tão urgente, pragmático, cheio de objetivos e metas, cheio de "merchandising" e "design", que esquecemos o básico: é preciso sentir. não sei se sou da confraria dos raros a produzir objetos estéticos tais (quero acreditar que há muitos por aí, muitos mesmo!), mas me sinto nessa busca, que é a mesma tua, tenho certeza. ouvir a canção é simples: é só ir me ver tocar uma noite dessas...
abraços!
r
Nossa, Renato, faz já um bom tempo que não adentro nessa claridade. Porém quando o faço, acomete-me sempre a mesma impressão, como no caso de Pedra Filosofal, que levas a palavra às últimas conseqüências. Além do próprio jogo sonoro da poesia, o acréscimo da melodia arranca as possíveis raízes que permaneceram atadas ao solo: é transcendência. Imaginar este poema musicado é penetrar em território de sonho, impalpável. Sendo bem Alberto Caeiro agora, acho que só ouvindo mesmo, rsrsr...
Abraços,
Pierre Nazé
pierre,
"pedra filosofal" é um caso específico da minha produção, porque é, curiosamente, uma letra de música que tem status de poema - creio eu! ainda que alguns discordem, creio porque ela sobrevive sem a melodia, respira autônoma em seu próprio mote-idéia. e aliás, a idéia de falar do "peso da consciência" - na contrapartida do lugar-comum da "consciência pesada" - me deu grande prazer enquanto escrevia. esse prazer deve estar impresso na canção, sem dúvida... o mesmo prazer que sinto em ter o felipe como parceiro. um dia te mostro a canção!
abraços,
r
"d’outra forma, o que não se aprende sente-se"
Em verdade, creio que a melhor forma de aprender é sentir...
Não precisamos aprender a fazer poesia, porque a sentimos, a vivemos, somos ela...
"Pedra Filosofal" me tocou, gostaria muito de ouvi-la musicalizada.E tambem me faz rir, é engraçado pensar em pedra filosofal, uma pedra que filosofa enquanto muitos seres humanos não o conseguem fazer.Quem dera que ela existisse e desse o poder de o homem raciocinar!
Enfim, gostei.Poesia toca a alma, e tu sabes fazê-lo muito bem.
Por favor, não se esqueça de falar com Malmal.
Grata pela alegria e pelo prazer de ler poesia,
Eduarda Petry.
olá duda,
é bem verdade que esta lição de álvaro de campos nunca deve ser esquecida: devemos sentir, sempre. tal pedra, mais do que pensar, pesa, e isto nos servirá, talvez, de mote provocador... por vezes é preciso mesmo quebrar algumas vidraças para que haja movimento. espero mesmo que gravemos esta canção em breve! eu e felipe estamos em ritmo bastante produtivo, e creio que outras crias virão.
eu te agradeço a alegria e a devoção com que me lês...
beijos!
r
A palavra existe quando é melodiosa...se não seria meia-palavra....Aoro vir aqui, já constava em meu blogspot.
Um abraço Forte e muita vida.
www.olhosdefolhacintiathome.blogspot.com
e/ou
www.olhosdefolhaminha.spaces.live.com
Querido Renato, saudades de sua poesia e de sua palavra amiga... Ao ler o livro Meus Outros da nossa amiga Tere, vi suas palavras tão bem ditas sobre ela! Beijos e até breve.
Nossa gostei muito, parabens !
Consegues mexer assim com seus visitantes ! Que lindo !
GRande prazer te conhecer, grande abraço;
Alda
cíntia,
saramago também fala dessa existência sonora da palavra como a única possível... de resto, apenas desenhos mudos. adoro receber-te aqui...
beijos,
r
queridíssima madalena barranco...
quantas saudades também sinto de tuas palavras e de teu sorriso solar! estou tão atarefado e tão distante da constante conversa da página brilhante que chego a ficar enfastiado... vê quanto tempo demorei em te responder?
beijos!
r
olá alda,
seja benvinda nesta casa de palavra. meus visitantes são, em sua maioria, pessoas amigas... o amor que nos envolve ajuda muito a mexer com elas!... mas fico feliz em saber que minhas palavras alcançam a quem ainda não conheço. prazer te receber aqui...
abraços,
r
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