há no Natal uma porção
grande
de renasceres:
como se, de súbito, o fato
de veres
varasse as extremidades do
olhar
e então o mar da tua
infância trotasse,
impossível, como um sonho
acordado
e os brados relutassem, num
tolo conflito
entre a mágoa e a quimera.
como se fosse uma outra Primavera,
vem esse dia dourar-nos
memórias,
e as novas alegrias e
velhas histórias
dão-se as mãos, sem pudor
algum
apenas para que um torne-se
miríades,
e as lápides tornem-se
lépidas, alvas
como lebres, a correr
distância,
e todas as ânsias cessem,
porque
renasces nesse, e em todos
os momentos
em que permites que novos
ventos
vergastem tua antiga morada.
8 comentários:
renato, estás cada vez mais poeta. os últimos poemas são muito, muito lindos. mais do que dar parabéns,é de se agradecer.
Edson, mano...
muito me honra, sempre, o teu comentário. aproximar-me da poesia, eis o mote constante, desde os meus 13 anos... fico feliz e agradecido que, agora, aos 39, eu esteja começando a consegui-lo! não há felicidade maior que poder dizer-se, e que esta fala seja também a fala de muitos outros...
abraços! feliz 2012!
r
Caro Poeta Renato
Belos versos sempre. Verseja de maneira invejável. Pudera eu ter essa capacidade poética. Admiro teu sentimento diante da palavra, da vida. As verdades em linhas tão ricas e de maneira mais que suave, sublime.
Bom Fim de Ano e 2012 com muitas alegrias pra vc e todos amigos e familiares.
bjus Cíntia Thomé
Cíntia, minha flor...
tão generoso teu comentário, que chego a ficar quase mudo! muito me alegra a tua admiração e teu gostar, porque escrevo, mormente, para resolver minhas próprias dores existenciais... Uma Outra Primavera, por exemplo, veio para dirimir angústias sentidas na manhã da véspera de Natal, e que, de outro modo, teriam envenenado todo meu dia. agradeçamos, uma vez mais, a existência da poesia em nossas vidas!
um beijo, e feliz 2012, minha querida!
r
leitura dinâmica (: pensamento)
o vento vergasta
a nova mobília
na velha morada
F. Silva,
A mim nada me parece mais sensaborão do que leitura dinâmica. Algo como comer sem mastigar, olhar uma bela paisagem de soslaio, amar apressadamente, evacuação precoce. Perdoe-me o mau jeito (que teu fale Evilasio jamais evitou pra comigo), mas no momento falta-me espaço na vida a desatenções. No mais, feliz 2012.
r
Renato,
venho aqui em atraso ler esses versos
de natal e me faço nostálgica lembrando os dias que passei em Belém, que dessa vez contaram com a tua presença.
Muito bom te conhecer.
Um beijo
Natália,
a vida, esse rescaldo de encontros, nos parece sempre uma surpresa, e que bom quando o que nos chega de súbito é algo delicado, bonito, inesquecível. assim também me chegaste, e também posso dizer: que bom te conhecer!
beijos,
r
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