a idade do amor
para ir além da dúvida, além do que não sei
é que encontro o chão com os pés
como fossem as sementes lançadas
ao início da quimera, inocentes,
em desterro e indolência diante
do bárbaro espetáculo.
é com as pedras do sono,
pendentes nas pálpebras do dia...
é como deliquescer sob circunstância
irrespirável, saltitar na brasa moribunda,
lamber a lúbrica ferrugem
dos próprios agrilhoamentos.
é com o ferro da própria vertigem,
a nódoa renitente do próprio vômito,
que há de reger-se a si o curso inevitável,
a folha de zinco vibrando sob a mão
da tempestade, o berro noturno da mitologia
até então desacreditada.
assoma num vôo de flancos eriçados
o meu espírito rugindo sua juventude &
também sua antiguidade, reclamada em visões.
assume as altas espacialidades, enquanto
a idade do amor ri-se de não existir o tempo.
inerência da linguagem mormente na página branca: a potência da semente, a semântica do mote cotidiano, sem planos. poesia para o enfrentamento do que inexiste, mas urge. grafias caboclas e indígenas por ascendência, oriundas de uma terra feita de águas intensas. poemas registrados na Fundação Biblioteca Nacional - RJ
segunda-feira, junho 12, 2006
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Quem sou eu
- Renato Torres
- Belém, Pará, Brazil
- Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.
18 comentários:
ah,o amor:
pular de um precipício...
elevar-se em pensamento...
procurar rios,correntezas...
apenas amar...!
por isso amo...
pulei, pensei, nadei, e estou sendo levada pela correnteza...
bjim
"amar
amargura.
amar (tem) cura?"
(HFD)
Carpe Diem!
Renato,
És líquido. Neste poema sinto-te triste, ainda assim serás líquido, que flui e corre nas veias poéticas da vida.
És fonema, livre. As tuas palavras rimam com o sexto sentido. São constituintes e movem-se com facilidade, têm volume próprio.
O amor, esse ícone abundante, quando existe, não teme o tempo, sem pressa vive e aprende o ontem e o amanhã, na mansão do hoje.
E tem como verdade absoluta, a máxima de que, quanto menos se tem, mais se terá.
1 Bj*
Luísa
Um dia depois do dia dos namorados eu comentava com algumas amigas: "eu não preciso mas viver em função do amor, do que sinto."
Mas algo é além disso.
Vivo dessas espectativas,daquele amor romantico que ainda teima em correr por esses pensamentos cheios de ilusões,meu amigo.
Ler-te hj me trás uma nova força, estranhamente alojada num dia tão banal,num tempo em que o amor trás um mundo inteiro nas costas, trás o ilícito e o vago, e tudo que não tem luz o suficiente para ter a compreensão tátil nas palmas das mãos. Eu me sinto hj uma estranha amante de um estranho amor.
Bj amigo, saudades sempre do teu abraço.
:*
belo poema, belas palavras.
inevitavelmente, vou virar um freqüente visitante, grande poeta.
abraços sinceros.
morena,
eis-nos na correnteza semovente, da amizade, da paixão, do amor enfim revelado... sigamos neste barco feito de nossas vontades que se encontraram. amo.
beijo,
r
harley,
essa rima de amor e dor tem história... mas desconfio não ser uma regra geral... e se a dor vier, que seja pra nos ensinar a ser melhores. carpe diem!
abraço,
r
minha doce luisa,
quanta sabedoria naquilo que escreves!... e como sabes-me bem... sim, há sempre um tanto de tristeza naquilo que chamamos a tentativa do amor... talvez por estarmos sempre um pouco aquém de sua grandeza... a tarefa mais importante da existência sempre há de levar-nos ao cume do mais belo aprendizado... agradeço-te por compartilhar tua sabença boa comigo, minha amiga...
um beijo,
r
márcia,
o amor sempre nos enreda em estranhas buscas, estranhos pensamentos, estranhas escolhas... é preciso ter cuidado para desvendar-lhes os sortilégios. que seja sempre uma necessidade e "um chamado pra longe" como diz o rilke. sabes que meu abraço sempre será teu, minha amiga...
beijo,
r
arthur,
a tua visita será uma grande honra para mim. fui lá no teu blog, e me surpreendi com teus escritos...! me parece que o "grande" aqui é recíproco...
abração!
r
A!!eu tava procurando algumas coisas na internet , aew encontrei sua página, a bem dizer foi por acaso mesmo!Mas foi bom!! ahaha
mto bonito o texto que vc colocou!
brigada por passar la na minha indiferença...
=0***
Salve Renato!
Perfeito. Alegra-me sabe-lo poeta e conhecer algo de poesia que sai das entranhas paraenses.
Gostei do espaço. Gostei da poética.
Continue amigo.
Precisamos espalhar o canto paroara.
Vá em frente.
Benny Franklin
Olá Renato!
Visitando sua página, me quedei completamente apaixonada pela sua escrita.
Tomei a liberdade de linka-lo.
Meus parabéns, e obrigada pelas delícias em forma de poema.
Abraços.
"para ir além da dúvida, além do que não sei
é que encontro o chão com os pés
(...)
enquanto
a idade do amor ri-se de não existir o tempo."
e o amor brinca de 'star'...
Poetabraços
Clauky
andrea,
sua indiferença é apenas um chiste!... na verdade percebeste bem o que quero dizer, né? obrigado tb pela tua passagem por aqui...
beijo
r
benny,
e eu daqui feliz com teu gostar. o canto vem daqui do pará, mas pode ser ouvido e entendido em qualquer lugar...
abraço,
r
tatiana,
se minhas palavras incitam a ti, que tomes as liberdades que queiras!... nada melhor do que provocar nas pessoas a paixão da liberdade...
beijo
r
clauky,
é isso. de estar e de ser, brincaremos sempre... entre estrelas...
beijo,
r
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