tenho medo de mim
mesmo
de mostrar-se o meu segredo
de meu dedo
apontando-me
o degredo que não cedo
desse deus medido
a ego
de me doer desapego
se me pego
andando a esmo
tenho medo do que cismo
desse abismo do
que medro
e do cedro em que espasmo
tenho medo dos
miasmas
dos fantasmas que não vejo
não invejo a
rouca asma
que se esconde em meu desejo
tenho medo de
mim, próprio
ao colóquio desse espelho
tenho em mim o
temor velho
o entulho ardendo, o ópio
da paúra que
arruina
(tenho medo, eis mi'a sina)
a assassina covardia
preme os olhos,
assustada:
nada vê além da queda
em si mesma,
assoberbada
tenho do medo a ferida
desd'a origem
abobadada
domínio algum da vida –
essa égua
desabrida
essa mula decapitada
tenho medo de ser
nada
este um que me suponho
meu pensamento
medonho
é o desenredo tamanho
cujo lanho
vaza o sonho
envenena o próprio punho
rebenta o grito
de estanho
corroído desde o sumo
(tenho medo desse estranho).
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