há os que escolhem fugir.
quanto a mim,
tenho o peito à mostra
em pleno calor da luta.
perguntas, sem dizer: és capaz de
sustentar à mão o caule delgado do tempo?
eu, que nada sei de respostas ao invisível
estremeço apenas, franco, e tanto quero.
o calor do verão exalta os autos.
relincham e guincham
as ruelas exterminadas e
inóspitas ao meio-dia.
há os que se refugiam à sombra.
quanto a mim,
revolvo a terra em pleno sol,
com meus cascos de touro.
o ouro dos tolos é a cega esperança.
a que tenho
enxerga no escuro, e
chega perto do precipício.
prefiro o ofício do voo, e o ninho
lunar dos teus cabelos de ouro
ao choro sem peixes do decoro, à
pedra sem sonhos da incerteza.
10 comentários:
Gostei do "peito à mostra". Isso prova destemor e, diria também, juventude, mas cuidado também com as trapaças.
Beijão.
Rosana.
Rosana,
ter o peito à mostra é um pré-requisito da poesia... é menos juventude, e mais destemor, porque a verdadeira coragem (fé, esperança...) enxerga no escuro, pois. mas também pode se ter o peito à mostra, e ter medo a um só tempo. quanto às trapaças, elas são inevitáveis, haveremos de enfrentá-las sempre.
um beijo, minha querida!
r
Muito bom! Toda uma língua própria. Anos de poesia, hein?
até guardei a poesia pra momentos propícios, você sabe...
sobretudo força, por todo o sempre.
ela mora em tudo.
é requisito pra vida.
força é uma mulher de olhar bonito e alerta que não nos deixa cair. tropeçamos apenas. e ela sempre surge, unusitada e linda.
força é feminino porque gera e recria. é colorida e emana da terra e do sol.
que ela permaneça contigo, meu bom, belo, doce, poeta, amigo.
uns beijos.
p
pensei e procurei, procurei, procurei...
mas só achei depois...
"Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela (…). Quem não se arrisca não pode berrar."
(torqua...)
Élida,
os anos de poesia valem bem mais que os anos normais e mortais, sabes? diria que são como portais do tempo ademais, em espirais infinitas...
bom ter teus olhos sobre o que escrevo!
beijo,
r
P,
força é uma mulher, sim. e que permaneça, como quero que permaneças, que todos os meus amados amigos permaneçam... escreverei sempre pra te ter por perto.
beijos,
r
Renato, caro poeta, curiosité: por que, com tantos poemas, amadurecimento poético, você não os tem publicados em livros?
P.
sensacional esse trecho do mestre Torquato! isso mesmo, o que se faz com versos pode ser poesia, mas poeta... é mesmo um severo e longo processo de desregramento. não se pode sair limpo e sem cicatrizes desse tour de force...
beijos,
r
Élida,
creio que a tua pergunta foi respondida a contento, né? bendita a hora em que me cutucaste (e ao destino), porque agora Perifeérico está no mundo!
um beijo!
r
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