eu saio onde se por a linha do escritor
o sol horizontal da música na cor
bordado em ponto cruz a padecer
lilás
na sua mão, cinema do cantor
divago em verso, e cai a noite ocidental
teatro tão lunar dos corações em vão
filosofia audaz que envolve o tempo e
traz
essa canção, e a invenção de ter nascido
insone
meu sonho virado, imerso no abraço
do que não sei, cantado
na sanha da paixão, na lira da maré
o sonho que trago no peito marcado
na contra luz, recado
lançado ao mar, ao vento, ao léu
a revelar o que se é
eu sei o que seduz a curva das manhãs
componho o que se dá na língua dos xamãs
retalho desse céu da arte, leite e mel
da intenção, vertigem do que sou
assumo a voz do chão, desenho a
escuridão
com nuvens e pincel, esculpo a
direção
do sopro que traduz, e ponho na
canção,
morada sã, a guardiã de tudo que é sem nome.
*letra escrita para melodia de Floriano Santos
4 comentários:
precisei dormir e acordar para ler novamente. e a mesma sensação de reconhecimento com este texto me toma. esse dejavu é a certeza de pertencer à palavra lida, como se a tivesse escrito, como se tivesse sido composta para me revelar aquele instante. muita pretensão? sim - verdadeiramente me aproprio dos textos que me dizem. um portal. um rio. um nascedouro. você tem o dom de marés, mas como nunca adentramos o mesmo rio duas vezes, assim também eu sempre me batizo em suas águas.
Fabi,
A palavra sempre nos servirá de caminho, de ninho, de nascente. É bem possível nos percamos vez por outra,imaginando estar onde jamais estivemos, ainda assim um outro lugar... Sempre serás bem vinda a me acompanhar nessas caminhadas.
Beijo,
r
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