é, meu amigo: respira fundo
porque o mundo não é raso
e faz pouco caso do que te incomoda.
decide teu lugar à roda dos fatos
e vê que os ratos da ilusão
hão de roer-te os calcanhares
hão de faltar-te os ares logo
que o jogo dobrar a curva decisiva.
é, meu amigo, sua tua camisa
que os dias não são quentes à toa
se tens a metade da broa, não te acomoda
que a poda fortalece os galhos
lambe teus lanhos, busca o que te falta
e vê que a malta detratora não descansa
antes marca a dança, o passo rude
e, amiúde, vem à baila a verdade.
inerência da linguagem mormente na página branca: a potência da semente, a semântica do mote cotidiano, sem planos. poesia para o enfrentamento do que inexiste, mas urge. grafias caboclas e indígenas por ascendência, oriundas de uma terra feita de águas intensas. poemas registrados na Fundação Biblioteca Nacional - RJ
quinta-feira, setembro 02, 2010
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Quem sou eu
- Renato Torres
- Belém, Pará, Brazil
- Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.
20 comentários:
É a pura "verdade", Renato!
A gente sente a juventude de sua verve nos aguerridos versos e se encanta com a energia que nos transmite.
Viva você, querido Poeta!
Bjs
Trabalhar a terra pela verdade... Versos fortes e à procura de água. Beijos.
"a poda fortalece os galhos" - isso vale pra pele, pra memória, pro passado, presente e futuro - verdadezinha ao mesmo terrível e vivificante.
É verdade, amigo. E não só a poda fortalece os galhos...
Grande poema!
Abraços
Que lindo, poeta!
Um maravilhoso final de semana.
Verdadeiramente lancinante.
Encatadoras letras.
Beijos
Querido Renato,
sinto verdade nua e crua nas tuas palavras poéticas e corajosas.
Bem hajas!
1 Bj*
Luísa
Lígia,
este poema foi escrito com uma "raiva branda", se é que isso é possível. pelo menos, tentando controlar e converter esse sentimento em algo. surgiu esse "recado" que dou a mim mesmo.
beijos,
r
Madalena,
sim, trabalhar a terra, uma imagem perfeita. eu diria ainda (como numa antiga canção): "lapidar a gruta estreita, trabalhando a pedra". e em busca, sim, de água, da água delicada e humana.
um beijo, minha querida,
r
Saudade e sede dessas águas.
Edson,
a natureza terrível e vívida da verdade sempre nos será necessária, e por mais que pretendamos, jamais nos será indiferente. tuas palavras reforçam a certeza que tenho de continuar buscando verdades urdidas na palavra poética.
abraços, mano!
r
Ana,
a poda, a água, o sol, o balanço pendurado, o ninho, o vento, a chuva, as folhas e os frutos... muitas coisas. mas a dor é sempre a primeira mestra.
sempre bom te receber!
beijo,
r
Lucimara,
agradeço tua gentileza em vir, e ler!
abraço,
r
Tere,
lancinante, eis uma bela palavra. e bastante verdadeira, ao se referir a este texto. és sucinta, e sempre precisa, minha amiga...
beijo!
r
r,
Que poema maravilhoso. Não te inocenta do trabalho de poeta ao dizer que é um simples recado que dás a ti mesmo, pois realmente acertaste o ponto neste. Da linha dos teus poemas terapêuticos, a exemplo daqueles publicados por aqui entre 2006 e 2007, considero este o melhor, seja lá o que isso signifique. Diante de uma época tão confusa, de pessoas tão perdidas, é recofortante encontrar ensinamentos sábios, que tanto nos faltam para levermos nossa vida. Obrigado por compartilhar todas as verdades que aprendeste. E ainda por o fazeres de uma maneira tão bonita.
Senhora Lua,
a verdade que sentes é a verdade que em ti refulge. bem hajam sempre amigos e leitores sensíveis como o és!
beijo,
r
Flavinha!
uma surpresa e um presente a tua aparição carinhosa e amiga no meu blog!... saudades também tenho de ti, e de nossos papos terapêuticos sobre o amor e a vida... apareça sempre que quiser!
beijos, e amizade sempre!
r
Anônimo,
é sempre pra mim constrangedor responder a comentários anônimos, por não saber a quem me dirigir, mas lá vai:
não busco me inocentar ao dizer que o recado é, em primeira mão, para mim mesmo. se não quisesse assumir responsabilidades com o que escrevo, nem publicaria. quando o digo, faço sinceramente, por entender a escritura como uma necessidade básica em minha vida, cujo objetivo primeiro é "agradar"(ou desagradar) a mim mesmo.
objetos artísticos sempre foram e sempre serão alvo de julgamentos mais ou menos acertados, e sempre transitórios, pessoais. o que consideras o meu "melhor" pode não o ser a outrem, obviamente. desculpe, mas considero um exagero te referires ao que escrevi como "ensinamento sábio"... realmente, não é minha intenção ensinar nada a quem quer que seja. das vezes em que tentei fazer isso, o fiz como "professor" numa sala de aula, dentro de certas limitações e circunstâncias. aqui, sou apenas um poeta desconhecido do grande público, e que pretende apenas ir escrevendo e publicando. se o que escrevo servir a alguém como ensinamento (se serviu a ti, por exemplo), ótimo. se não, ótimo também.
de todo modo, agradeço a imensa generosidade e reconhecimento que transmites em teu comentário. no fundo, as "verdades" de que falo no poema são coisas que nossos antepassados já sabiam, e que nós, com as pancadas da vida, vamos pouco a pouco conhecendo também. agradecerei se, numa próxima oportunidade, puseres teu nome ao comentar.
abraços,
r
Doce Rê,
Como se não bastasse tua visita descreta nos meus casosbesteira, sou recebido na Página branca por versos tão serenos como esses, que me dão forças para seguir daqui o9 que tenho de seguir.
A Saudade de ti me sobra, Espero logo poder te ter por perto, para que haja na realidade tanta poesia quanto nesse espaço!
Um Beijo No coração, desse menino que um dia ensinastes a poesia...
Márcio,
serenidade, doçura e leveza são presentes que tu me trazes com teu comentário. a amizade que nos une sempre estará presente, não importam os percalços. e a poesia será nosso farol.
abraços com carinho!
r
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