rarefeito, se esgueira à maneira de ser
sussurra a prosa calada
cavalgada flecheira na ladeira a descer
sem parecer, se depara com o que não se vê
evidente como agora há vento lá fora a dizer
nada que já não se saiba no silêncio de crer
cresce sem ter onde caiba, cobrindo a muralha de fé
rego o afeto, enfeito a loa
canto a toada quieta, a secreta manhã
emaranhado acorde, asa sobrevoando aberta
na deserta canção
sem perecer, desampara entre o sim e o não
obscura como ainda há lida entre o céu e o chão
tudo quanto não se saiba cabe num estreito vão
vara o tempo e não se acaba a curva invisível do som.
*letra escrita para melodia de Leandro Dias
17 comentários:
Não, não tenho como conhecer a melodia para a qual foi escrita esta "letra", mas, conforme foi-se desenrolando a leitura, os dedos foram tamborilando sobe o teclado (o que, inclusive, me obrigou a escrever) e algo começou a ser cantarolado em silêncio.
Gostei da musicalidade e da métrica (lá vou falar de forma de novo...), e tive vontade de conhecer a obra completa.
Ah... não costumo comentar nada muito a fundo, até porque muitos o fazem por aqui. Prefiro mesmo ater-me ao que poucos notam (ou se importam).
Abraço!
P.S.: Acho que talvez agora, depois de mudar o nome com que me vês, já saibas quem sou.
A página branca transmite paz e traz poesia da melhor qualidade.
Ar rarefeito.
Abraço camarada
O que não perece nunca, acaba virando canção.
E essa página branca sempre faz estremecer o adormecido. Canto quieto para o infinito.
Te amo, Rênosso.
De ladeira em ladeira
Também cresço,
E mesmo comentando meu apreço
Meu endereço é a ribeira
Mas não desço só, e não paro
Porque exploro por onde caiba
Deposito meu tijolo ma muralha
Onde piso é recomeço
Me lanço
Nesse canto de silêncio
Procurando o além do vão
Esperança de um dia ser apenas som.
Marcello Aponte
Renato:
É na sonoridade do silêncio que se formam as grandes poesias e canções.
Uma letra que me faz ouvir acordes dissonantes, conduzidos pelo ritmo do poeta/cantor.Seriam sétimas e nonas ou quem sabe quintas diminutas preparando a volta à tônica.
Também, já fiz letras de música e já toquei meu Di Giorgio...
Hoje, o violão jazz num canto emudecido do quarto...
Abaixo uma letra de música minha, numa batida bossa nova, na tonalidade de Dó maior:
Novos sinais
Cristalina manhã
os acordes da luz
derramando em você
breves sonhos
despertar em paz
É difícil sentir
calmas ondas do mar
tão intenso em mim
roupa nova recobrindo
minha dor.
Adormece a razão
sensação me conduz
à procura de um rosto perdido
na manhã que nasceu.
Ricardo Mainieri
Abração e Feliz 2009
Renato,
Não é invisível, porém, a nota que brota do sentimento, o valor que se dá há de ser, é música, é amor a arte, a branca página domada por ti.
Querido amigo,Feliz 2009.
Beijão
Puxa...só agora percebi a letra de maneira absoluta...texto lindo...em música pontual...
Parabéns pela música!!
oi vermmelha,
a saber quem és, me apraz que contribuas com nova visão sobre o que vou escrevendo. a obra completa é, sem dúvida, de beleza ainda maior, visto que é uma canção, e que a letra nasceu da melodia... mas "canto quieto" foi escrita pra sobreviver também como poesia, daí, talvez, a força, reconhecida por ti, da sua forma.
abraços!
r
zé,
que bom que sentes essa paz!... essa toada, deveras, te traria mais paz ainda se a ouvisses... parece um bocado contigo, imagino. bom sempre receber tua visita!
abraços,
r
marcota,
minha querida, é exato o que dizes, como é exata a nossa amizade e ligação perenes na música e na arte. te amo também.
beijo,
r
marcelo,
que beleza de poema, de bate pronto! fico feliz em supor que "canto quieto" tenha inspirado este teu escrito, pelo menos em correlação.
abraços!
r
maini!
sim, tudo vem do silêncio, e, creio eu, voltará a ele também. sempre penso que escrevo e canto na direção do silêncio, o que é bem mais do que a idéia de morte. mas que bacana saber que também já compuseste canções! esse di giorgio precisa ser revisitado, não?
abraços,
r
tere,
sim, esse valor estará sempre visível em nós, amém... perdoe-me por ter demorado tanto a responder teu comentário e tuas felicitações de ano novo!... ando domando raramente essa página branca...
beijos!
r
felipe
nunca será tarde para percebermos (felizmente!) a beleza daquilo que se quer perene, incólume. aqui, a beleza da melodia criada pelo leandro é pai e mãe do poema, ardendo feito brasa na distância intangível.
abração!
r
o som nunca se acaba em sua poesia
abs
cintia thome
cintia,
e que bom que o som continua além das palavras, né? só assim pra continuares visitando o que escrevi e publiquei a tanto tempo atrás... tenho que atualizar esta página!
obrigado por ter vindo, querida!
beijo,
r
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