falo dos meus amigos
e do sangue nos entre lanhos
da minha carne poeta
falo do que não digo
e do desenho em chaga
dessa palavra aberta
falo da tua miséria -
a minha própria matéria
que nesse canto se projeta
falo da falácia espúria
em palácios de injúria
que esta poesia objeta
falo, e falho ao fazê-lo
pondo em pêlo à palavra
sua carnadura sonora
fê-la um esboço mímico
o meu rigor mecânico
que um silêncio qualquer devora
filha florada na sílaba
cio de lábia ventríloqua
falo da palavra afora
inerência da linguagem mormente na página branca: a potência da semente, a semântica do mote cotidiano, sem planos. poesia para o enfrentamento do que inexiste, mas urge. grafias caboclas e indígenas por ascendência, oriundas de uma terra feita de águas intensas. poemas registrados na Fundação Biblioteca Nacional - RJ
quinta-feira, julho 13, 2006
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Quem sou eu
- Renato Torres
- Belém, Pará, Brazil
- Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.
17 comentários:
:) Muito bom o teu poema e a forma como usas as palavras. Voltarei.
meu menino,,cada dia amo amis seus poemas, esse perfeito e irretocável..
bijo de malmal, saudosa
Os seus poemas me comovem de uma maneira absurda.
Parabéns.
Abraços.
sandra,
...e eu estarei esperando, com minhas palavras. beijo
malmal,
que ames meus poemas mais e mais... oh, que motivo mais belo pra continuar!... beijo...
tatiana,
comover é um verbo bonito: modo de olhar, olhar é guardar, saber como é, saber como as coisas são!... vês? as palavras nos guiam, sigamo-las... beijo
r
e sigo com tua palavra sempre me comovendo...
te amo, Rei
lorena,
em ti, mais do que as palavras, o silêncio que há entre elas, nos movem, nos comem, nos comovem...
beijo,
r
Nasceu poeta, doença incurável, deseperava seus pais porque seu coração sangrava sem parar. Eles só perceberam que não havia problema em possuir essa hemorragia constante, quando se deram conta que dos seus filhos ele era o que mais intensamente vivia.
Olá, Renato!!
Não sei se você vai lembrar, mas há um tempo atrás, você comentou no meu blog. Era um post em que eu brincava de ser roteirista por alguns parágrafos.
Enfim, depois de quase um mês eu vim aqui responder e encontrei um blog cheio de poemas lindos!
Voltarei mais vezes.
Beijos.
Renato,
tô só passando... e teus poemas, sempre uma surpresa!
Tuca
Nao ouso comentar um poema, afinal, o poema é aquele momento ímpar q só encontra explicacao no âmago do poeta. Pessoas outras q vierem a le-lo podem qto mto, sentirem-se tocadas, contudo, jamais será a mesma emocao q sentiu o poeta qdo o pariu.
A imagens mentais q vc oferece a quem o le, sao por sua vez, bastante interessantes.
Voltarei mais vezes.
é isso
[ ]'s
Tu sabes falar cantando amigo.
Eu canto ao ler-te.
Terê
Gosto muito! Tanto da tecitura das palavras na tua poesia, quanto da tessitura do teu canto falado.
Bjs
Versos cadenciados, formados pela voz de tua alma etérea e pura. Criação de um verdadeiro artista.
Saudades de ti, meu amigo.
1 Bj*
Luísa
Como sempre ótimos textos! Um forte abs, Renato! E olha, dá um pulo no meu blog:
http://diarioimaginario.spaces.live.com/
Menino poesia...
Saudades tuas...
Saudades dos teus poemas
Passei para visita-lo, deliciei com seus textos...
Sabe do meu carinho...
Beijo
...penso, cada vez mais, que algo se estabelece enquanto uma linha melodica na escritura de alguns poetas...mais do que as homofonias, assonancias e dissonancias audiveis na leitura em voz alta daquilo que sta escrito. Digo desse (en)cantar que embala, acalanta, transporta a outras dimensoes. Bem, to escrevendo isso pra ti pois ocorreu-me te perguntar, uma vez que es poeta,escritor e MUSICO: como se passa( sim, considero uma passagem), no teu processo de criacao a construcao melodica de um poema que depois musicas e o inverso, naquilo que torna-e letra a partir de uma melodia...gostaria de te "escutar" lendo-te um pouco a esse respeito.Acraco.
luciana,
pensei em responder em teu próprio blog (parece que tens um, não?), mas teu perfil está inacessível. esta é uma questão que pode se estender muito, então tentarei ser sucinto (por ora): poesia e música são irmãs siamesas, estão juntas desde o berço das linguagens, e creio que isso tem uma ressonância particular no que faço, por ter um exercício constante dessas duas linguagens, inclusive através das composições. o meu modus operandi mais comum - o que contraria a grande maioria dos compositores - é musicar poemas. eis porque, talvez, alguns de meus poemas tenham uma melodia latente, uma musicalidade e sonoridade intencionais, buriladas na construção. isso por vezes, como é o caso de "canto falado", fica pulsando no poema, e não vira canção, não ganha uma melodia efetiva. há que observar, ainda, que creio na poesia como algo sonoro, não apenas essas palavrinhas mortas e frias que figuram na página branca, como já disse o saramago - e eu corroboro. é preciso sempre tentar ouvir a voz de quem escreve. e dar a própria voz aos poemas, afinal...
obrigado por incitar estas considerações!
um beijo
r
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