morada
costuro a linha delgada de um corpo,
cosendo entre os dedos a invenção da vereda.
há varandas donde sobe-se à ventura de
vestir-se, num balanço que pulsa em flancos,
da altura do que podem as mãos e o olfato.
delineio um corpo denso e leve, com miríades de
espaços, microcaves onde abrigo os farelos
da semente, entre dentes que não rangem.
ouço a sede dos estreitos, leio a curva dos
esgarços mergulhados em estrelas que, já
mortas, deixam lá sua lâmina clara.
este corpo, imensado na fazenda lívida do que
engendro em mãos fabris, resolve ser
um prado, um mínimo arbusto, um busto mineral,
peito líquido de onda marinha, sarça que
baila e arde, marfim e óxido da tarde sobre
os olhos meus que descansam pardos.
sei que tardo em ter-te, sombra morada.
a vela que bruxuleia sobre o caminho que
leva ao nome, é o que indicia o vento, a
fome do ar que o fogo tem.
corpo que em vento desfaz-se, veloz campanário
reduz-se a cetim imaginário, fantasma que aperta
à roda o pulso... e lateja. veja que não medro,
à guisa de ciranda, habitar-te clandestino, até
que a estopa bêbada do desatino me lance, flambada, à morada de asa : :
cosendo entre os dedos a invenção da vereda.
há varandas donde sobe-se à ventura de
vestir-se, num balanço que pulsa em flancos,
da altura do que podem as mãos e o olfato.
delineio um corpo denso e leve, com miríades de
espaços, microcaves onde abrigo os farelos
da semente, entre dentes que não rangem.
ouço a sede dos estreitos, leio a curva dos
esgarços mergulhados em estrelas que, já
mortas, deixam lá sua lâmina clara.
este corpo, imensado na fazenda lívida do que
engendro em mãos fabris, resolve ser
um prado, um mínimo arbusto, um busto mineral,
peito líquido de onda marinha, sarça que
baila e arde, marfim e óxido da tarde sobre
os olhos meus que descansam pardos.
sei que tardo em ter-te, sombra morada.
a vela que bruxuleia sobre o caminho que
leva ao nome, é o que indicia o vento, a
fome do ar que o fogo tem.
corpo que em vento desfaz-se, veloz campanário
reduz-se a cetim imaginário, fantasma que aperta
à roda o pulso... e lateja. veja que não medro,
à guisa de ciranda, habitar-te clandestino, até
que a estopa bêbada do desatino me lance, flambada, à morada de asa : :
4 comentários:
eu me lembro deste poema...
tenho ele gravado por sinal...
ouvido e escrito numa viagem onde meu lugar era do teu lado.
muito belo, como a tua amizade e a tua presença, rê.
bjos.
Oi Renato
Encantada com seus textos...
Beijo grande
oi! putz, ... encontrei vc por acaso na web, e agora tá dando uma saudade dos tempos aqueles... e a película, vai bem?
beijo GRAAANDE de longe, de Berlim...
Tuca
Lindo, lindo, lindo!
Escrevo e repito!
Beijo!
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