para Lou Reed
trincam-me os dentes à noite
rachando sob o peso dos sonhos
o seu mármore inquieto range
sob o firmamento calado
entre o ronco e o enfado
o estômago aflige o esôfago
num afago ácido de onda
demanda de si a barganha
da rinha cotidiana irresoluta
inflama a luta desigual
entre o possível e o improvável
rompe, do siso ao juízo,
o seu improvisado diamante
dentifrícios e antissépticos
ardem sua fogueira deliberada.
trancam-me os dentes à chave
pra fora do corpo dormente:
lá dentro esbatem-se as palavras
como minúsculas serpentes sob a língua
(na água escura da noite gemem
como as tábuas de um velho barco)
sob o arco abobadado, cravado
de aftas e abcessos, assoma o recomeço
um acesso cauterizado pela dor
a arca corroída se abre em nervos
através do canal devastado
malgrado o dever involuntário
da moenda e guilhotina diárias
a arcada dentária enverga
sua moldura identitária no riso
ou na fúria que nela se imprime -
ou reprime - num bruxismo insone.
trincam-me os dentes à noite
rachando sob o peso dos sonhos
o seu mármore inquieto range
sob o firmamento calado
entre o ronco e o enfado
o estômago aflige o esôfago
num afago ácido de onda
demanda de si a barganha
da rinha cotidiana irresoluta
inflama a luta desigual
entre o possível e o improvável
rompe, do siso ao juízo,
o seu improvisado diamante
dentifrícios e antissépticos
ardem sua fogueira deliberada.
trancam-me os dentes à chave
pra fora do corpo dormente:
lá dentro esbatem-se as palavras
como minúsculas serpentes sob a língua
(na água escura da noite gemem
como as tábuas de um velho barco)
sob o arco abobadado, cravado
de aftas e abcessos, assoma o recomeço
um acesso cauterizado pela dor
a arca corroída se abre em nervos
através do canal devastado
malgrado o dever involuntário
da moenda e guilhotina diárias
a arcada dentária enverga
sua moldura identitária no riso
ou na fúria que nela se imprime -
ou reprime - num bruxismo insone.