há os que escolhem fugir.
quanto a mim,
tenho o peito à mostra
em pleno calor da luta.
perguntas, sem dizer: és capaz de
sustentar à mão o caule delgado do tempo?
eu, que nada sei de respostas ao invisível
estremeço apenas, franco, e tanto quero.
o calor do verão exalta os autos.
relincham e guincham
as ruelas exterminadas e
inóspitas ao meio-dia.
há os que se refugiam à sombra.
quanto a mim,
revolvo a terra em pleno sol,
com meus cascos de touro.
o ouro dos tolos é a cega esperança.
a que tenho
enxerga no escuro, e
chega perto do precipício.
prefiro o ofício do voo, e o ninho
lunar dos teus cabelos de ouro
ao choro sem peixes do decoro, à
pedra sem sonhos da incerteza.